21 março, 2011

primeira vez

Um dia de chuva. Saindo da primeira aula da facul, eu e uma colega de curso estávamos no ponto esperando nosso ônibus. Aí eu ouço um barulho esganiçado, uma moça tentando acariciar algo, e não deu outra: era um gatinho lindo, todo cinza com o peito e as patinhas brancas, tipo luvinhas.
Gente, sério: ele miava de um modo tão desesperado, que me deu uma coisa. Porque assim como as palavras e frases que a gente emite com ironia, amor, sarcasmo, etc...existem diferentes maneiras de um animal se comunicar. E sobre gatos, existem miados E miados. E aquele ERA um miado de desespero. Na minha cabeça, eu só conseguia ouvir "Socorro socorro socorro cadê a minha mãe onde eu estou?" (pela forma que ele estava miando, creio que ele tinham acabado de abandoná-lo ali).
E aí eu comecei a pensar que, se eu não ajudasse naquele momento, ele morreria atropelado. É um ponto MUITO movimentado de Botafogo, e certo que se ele caísse na calçada, acabaria sendo atropelado. E certamente, eu não ia conseguir dormir com aquilo na cabeça. Tipo, de poder ter feito algo, e só fiquei olhando.
Fui até ele, na cerca, e comecei a chamá-lo. Ele estava muito desconfiado, e miando muito desesperado...até que foi chegando perto da minha mão, e consegui acariciá-lo. Quando ele ficou mais confiante e chegou mais perto, consegui pegá-lo no colo. Ele tremia de medo, queria descer, estava apavorado. Mas aos poucos ele foi ficando mais calmo.
Então chegou um moço, que foi pedir ao segurança do local para colocá-lo mais para dentro do terreno, pois ali era muito perigoso (e o segurança disse que tinha coisa mais importante pra fazer. Me indigno com gente babaca assim). Esse mesmo rapaz foi até a secretaria da universidade dele e trouxe uma sacola. Enrolamos o gatinho, colocamos ele na bolsa da minha amiga e embarcamos no ônibus. Até o motorista foi legal e esperou até que achássemos um lugar.
Voltei o caminho todo chorando. Fiquei olhando ele bem quietinho na bolsa da minha amiga, recebendo nosso carinho, e imaginando se ele tivesse ficado lá, desesperado, tivesse ido pra calçada...certamente aconteceria algo. Não sei, essas coisas mexem comigo. Eu não entendo como uma pessoa pode fazer isso, abandonar um animal desse jeito. Se não tiver mais nenhuma opção, que pelo menos abandone num lugar mais calmo.

Bom, chegamos em casa, o Elvis (meu gato) ÓBVIO que ficou fazendo FUUU o tempo inteiro pro gatinho...dei comida e água, e a minha colega decidiu ficar com ele, ao menos até ele encontrar um lar. No outro dia ela me ligou, dizendo que a mãe havia concordado e ele ficaria na casa dela. Agora o nome dele é Thomas, e tem um lar, com pessoas que vão amá-lo muito - e aí eu chorei de novo, claro. Queria muito que todos os bichinhos abandonados tivessem a mesma sorte que ele.

4 comentários:

Unknown disse...

Todo mundo que tem gato sabe essa dos miados.É bem verdade,eles se comunicam conosco,é só prestar atenção e ter um pingo de sensibilidade.

Neil disse...

Ouwnnnnnnnnnn =~~~~

Renata disse...

Thomas! Que simpático!

Olha. Um dia eu vi um gatinho abandonado e deixei ele lá, porque lá em casa todo mundo é alérgico, sabe.

E nunca mais eu esqueci disso.

Sissi disse...

Somos amigas pelo que temos em comum mesmo né? Tive um gato chamado Haroldo. Ele estava na rua, sendo espancado de vassoura por uma vizinha e recebendo água de esguiço da outra. Minha mãe foi lá fora e fez O ESCANDALO com as duas, que pareciam matar um dinossauro e não um gatinho. Pegou, trouxe ele para mim. Cuidamos do Haroldo e ele ficou um gatão cinza rajado, doente por pão novinho, não podia ver o saco de pão que miava como um louco. Um dia minha mãe disse que o Haroldo tinha encontrado uma namorada e foi embora. Anos mais tarde descobri que morreu atropelado e as mesmas vizinhas bruxas esconderam para eu não sofrer. Foi pelo menos um ato de arrependimento, mesmo que no final da vida dele.

 

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